Eterna Arrogância

"Não há uma única coisa tão vazia e carente quanto tu [homem], que abraças o universo: és o escrutador sem conhecimento, o magistrado sem jurisdição e, ao final, o bobo da farsa." (Montaigne).

Quero despojar-te de tua eterna arrogância,

despir tua alma envaidecida

com esse ar de grandeza que molda

teu semblante.

Na verdade a julgar pelo que somos,

nada somos do que julgamos.

Ah! o homem e a sua vaidade,

seu imensurável apego as coisas

fúteis.

Quanto mais nos exaltamos,

mais insignificantemente ficamos trancafiados

em nosso pequeno universo.

Do pó viemos, ao pó voltaremos,

é isso que somos, apenas pó, poeira espalhada

ao vento vagando sem destino.

Homem, abdica essa pretensão narcisista

enraizada em teu ventre

e reconhece tua insignificância diante do infinito.

Abdica esses meros devaneios tolos que te insuflam

rumo a decadência num insinuoso caminho.

Como insetos voltejando o inalcançável,

vivemos sempre no relutante almejo de algo maior.

Seja na procura dos deuses escondidos

no obscurantismo de cegas crenças,

seja na do átomo primordial da grande explosão

e esquecemos que as vezes, a verdade pode revelar-se

até mesmo através de um singelo sorriso

de criança.

Anjo melancólico
Enviado por Anjo melancólico em 31/07/2008
Reeditado em 08/09/2008
Código do texto: T1106148
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.