Eterna Arrogância
"Não há uma única coisa tão vazia e carente quanto tu [homem], que abraças o universo: és o escrutador sem conhecimento, o magistrado sem jurisdição e, ao final, o bobo da farsa." (Montaigne).
Quero despojar-te de tua eterna arrogância,
despir tua alma envaidecida
com esse ar de grandeza que molda
teu semblante.
Na verdade a julgar pelo que somos,
nada somos do que julgamos.
Ah! o homem e a sua vaidade,
seu imensurável apego as coisas
fúteis.
Quanto mais nos exaltamos,
mais insignificantemente ficamos trancafiados
em nosso pequeno universo.
Do pó viemos, ao pó voltaremos,
é isso que somos, apenas pó, poeira espalhada
ao vento vagando sem destino.
Homem, abdica essa pretensão narcisista
enraizada em teu ventre
e reconhece tua insignificância diante do infinito.
Abdica esses meros devaneios tolos que te insuflam
rumo a decadência num insinuoso caminho.
Como insetos voltejando o inalcançável,
vivemos sempre no relutante almejo de algo maior.
Seja na procura dos deuses escondidos
no obscurantismo de cegas crenças,
seja na do átomo primordial da grande explosão
e esquecemos que as vezes, a verdade pode revelar-se
até mesmo através de um singelo sorriso
de criança.