Um Outro Eu
Ensurdece-me o barulho da chuva.
Fico tinto, cambaleio,
Fico desatento e alheio
E tão, mas tão vazio
Que a visão até se turva.
De onde estou vejo o céu.
É noite e está escuro
E no céu da noite, negro muro,
Lampejam relâmpagos,
Esparsos, ao léu.
Mas não tenho mais caminho,
Antes tinha,
Sabia onde ia
Mas hoje, onde quer que eu vá,
Onde quer que eu ande,
Não vou sozinho.
Tenho ao lado meu
O maior companheiro,
Santo e guerreiro
Nunca perdeu e nunca venceu,
Tantas vezes morreu
Mas tantas renasceu.
Estará comigo no meu fim;
Mora dentro de mim
Um outro eu.