Celestial
Céu noturno, manto negro.
Que começa a escuridão
Que dá fim a toda luz
Que inquieta o coração
Que às sombras seduz.
Que convida a todos os seres
Medonhos e malditos
Mortos e também vivos.
A virem ao seu banquete.
No campo de sacrifício
Sem nenhuma claridade
Sem nenhuma piedade
Onde os monstros habitam
Onde as sombras perduram
Onde o bem não resiste
E onde o mau não perdoa.
Céu diurno, manto sagrado.
Inaugural de todo fulgor
Que dá fim a todo medo
Que apaga o manto negro.
Que afasta toda a dor.
Que convida os benfazejos
Vivos e os de além-vida
Almas boas e arrependidas
A fazerem seus festejos
No mundo que o povo habita.
Na fusão de todos os céus
De todas as terras e mares
No momento vespertino
Onde os mortos com insanidade
Juntam-se ao bom senso dos vivos.
Onde as almas acoplam-se todas
Sejam elas más ou boas
E os seres mais fantásticos
Os arquétipos mais selvagens
Juntos comemoram a vida
Também o que há além dela
Jazem as diferenças esquecidas
Nos confins mais densos da Terra.