Autoconhecimento... Quem sabe... Sozinho.

Autoconhecimento... Quem sabe... Sozinho

Autoconhecimento:

Percebo: não reclamo mais,

Não exijo, nem ordeno,

Tenho paciência, nenhuma preguiça,

Aceito minhas dores sem ais,

Pois são passageiras;

Vivo discreto, silencioso,

Já não quero coisas imediatas,

Deixo-as acontecerem,

Observo com clareza

O que a ilusão disfarça;

Meus medos viraram brinquedo,

Videogame, computador programado,

Viajei sem despedidas,

Parti lentamente para dentro de mim... (pág 29).

Quem sabe:

Quem sabe foi o vento,

Um pássaro errante,

Ou acidentalmente,

E ela surgiu...

Primeiro tímida,

Parecia não desenvolver,

Depois viçosa vingou,

Em folhas, flores e frutos...

Cresceu altiva e copada,

Serviu de abrigo, projetou sombra,

Por muito tempo...

Quem sabe foi um raio,

Uma serra afiada,

Cigarro esquecido,

Ataque de cupins,

E ela veio abaixo...

Um dia ressurgiu,

Semente oculta,

Primeiro arredia,

Depois... quem sabe... o vento... (pág 71).

Sozinho:

Em meu quarto,

Parte do guarda-roupa está vazio,

Meu coração está vazio,

A casa em paz:

Banheiro limpo, cozinha arrumada,

Sala cheirando a saudade...

Meu corpo na cama repousa tranqüilo,

Sem sonhos, adormecido;

Procuro acariciar alguém,

Encontro minha outra mão:

Não estou sozinho... (pág. 88).

Do livro No Lado Obscuro da Lua-1998-

Pablo Ribeiro