O HOMEM QUE RI
Eu sou o homem que ri,
Que não ri quando está rindo,
Tenho o coração chorando
Mas a boca está mentindo.
Palhaço, clown, saltimbanco
Ou prestigiador,
Dou cambalhotas e saltos
Na corda bamba do amor.
Nem muito ingênuo, nem cínico,
Nem iludido, nem trágico,
Tiro estrelas de esperanças
De uma cartola de mágico.
A mim mesmo me convenço
Das fantasias que crio
E até mesmo quando choro
Intimamente me rio.
E a vida se transfigura
E vale a pena de novo
Só porque enganei o bobo
Na velha casca do ovo!
São Paulo, 07.05.80