O vôo da alma
O Vôo da Alma
Toda dengosa
Vestindo branco e rosa
No por do sol ela saiu a passear.
Na bagagem levava a coragem.
Carregava só o que na mente continha,
Porque mais nada lhe interessava levar.
Se despiu da pesada fantasia,
Tirou os adornos,
Perdoou os transtornos,
Invernos e outonos.
Se desfez das tralhas, retalhos e mortalhas
Se banhou com água de cheiro,
Colocou flor no cabelo,
Se arrumou com todo zelo.
Se trajou de branco iluminado
Com reflexos levemente dourado
Ajeitou a fita rosa da cintura,
E amou aquela nova criatura.
Se colocou em pé, com toda fé.
Olhou para o sapato de salto,
Jogou tudo pro alto,
Se despediu da boneca , da peteca.
De soslaio lançou ainda
Um ultimo olhar.
“ Eureca”
Consciente soprou para o vento
As cinzas que restavam do tempo.
Com cuidado
Guardou bem guardado
A infância de porcelana
A juventude de sonhos dourados
E a vida, com marcas cristalizadas.
Beijou os filhos queridos
Guardou-os na palma de sua mão
E amorosamente a levou ao coração
Se despediu do grande amor
Já não existia mais dor.
Com quietude
Fechou atrás de si a porta
E calmamente pensou ...
Há !!! nada já me importa ...
Agora sei que não estou morta ..
Caminhou pelas veredas
Se embrenhou na mata
Ouviu o som da cascata
Se encantou com beleza da natureza
Sorriu para as flores
Passou em revista a vida
E sem dores, sem feridas
Fez a viagem pretendida
Ouviu o canto dos pássaros,
Mirou o arco iris
Abriu suas belas asas
E encantada
Voou