Suave
Aos olhos abertos só há um consolo
No estorvo há coragem, há verdade
Quem não se esconde se fere no fogo
Mas ganha a evolução da sua liberdade
Só é livre quem enxerga seus grilhões
Quem recebe sua prisão com coragem
Às voltas só se encontram, em inversões,
Os que se iludem em conhecer a realidade
Suave é o toque forte e profundo do luto
O enterro do orgulho próprio e da leviandade
O preto está esvaziado de cores, é puro
Mas é reduto marginal dos tons e da claridade
Suave é o sentido do amor sem razão, às claras
Sofrer é valorizar demais a fugacidade
Viver sem ressalvas e em alegrias fartas
É dizer não à dor, não à crueldade
Que amar é o único valor da liberdade