IRONIA
Um dia o vento zombou de mim
dizendo que passei a vida só
nesta correria sem fim,
e que de mim tinha dó.
E eu me irritei, e ele disse,
justificando o seu parecer,
que estava também condenado a correr,
mas não por um fim que ele mesmo exigisse.
E disso que ria, desta ironia,
de mim e do mundo que não tem o tino
de que o fim da pista é vã fantasia
e que a corrida é nosso destino.
Depois despediu-se, saiu porta afora.
Deixou-a aberta...
Eu fui até o portão,
procurando o vento.
E só vi naquela hora uma flor
brotando na relva, em meio à escuridão...
Lucilla
em 11/03/1986
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