Imemoriais

Os tempos que se perpassam

como rastros em areia movediça

arrastam-me em pedaços

minhas frágeis asas quebradas.

O passado passa em direção ao futuro

que retrocede sem deixar marcas visíveis

e, do presente, amálgama de acasos, quero-te suave distância.

Avanços. Retrocessos.

Rumos. Perdas.

Novas nuances de ancestrais e pulsantes angústias.

Tempo que se esvai.

Tempo que se volta.

Tempo que se ri

e, que talvez, se chora.

Tempo que se perde,

como se Chronos se desconhecesse na aurora de meus tempos.

Rugas a mais.

Frestas abertas.

Duplos caminhos.

Ambivalências com sorte lançada.

Do trajeto para Pasárgada resta-me

um resto inquieto e desconhecido

em relicários macios de uma dúvida que não ainda se fez.

Ana Perissé

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 30/06/2008
Código do texto: T1057994
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.