Prelação A Sombras

Resigno-me à opacidade,

mistérios da sombra

da qual nuances de claridades bruxuleantes

emergem imperfeitas

a desvelar signos de fundo.

Presença em terra da deusa treva

que ilumina, expelida

para que da claridade

crie um mundo indistinto e sem limites.

Claro e escuro

turvas transparências.

Amantes em essência

na dança opaca da vida

sem sentido com luz.

Ah! O temor da eternidade

desvelado no palco

instintivo de luzes votivas.

Quero-te húmus

denso e penetrante.

Quero-te sombras

a revelar-me a beleza do ínfimo

escondido de fundo.

Difusos clarões

de sonhos vívidos

sinistra inquietude

do silêncio eloqüente

sombrio-sem véu.

Quero-te sombras nuas

tal como a um ator de Teatro Nô

misterioso fascínio

do escuro evanescente de nós,

platéia!

Sem anestesia do brilho

espetaculoso

sobra-me o rubor

esgueirante de face

penetrante na escuridão

que se desfaz em umidade latejante.

Esconderijos de mim,

estou nua,

à mostra

atriz sem maquiagem

máscaras de carnes expostas

posto que anseio a poeira acumulada

da passagem dos tempos.

Imprecisão

Traços

Difusões,

fogo-fátuo imponderável sombrio

da condição humana.

Ilusório jogo de não luz

Desvios ou linhas de fuga.

Pequeníssima grandiosa arte

que se aceita

imprecisa

imaginação sedutora

de um candelabro no chão.

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 20/06/2008
Reeditado em 20/06/2008
Código do texto: T1042731
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.