A FLAUTA NA MONTANHA

Era inverno e era verdade.

Sob a névoa rósea do fim de tarde

chegou-me uma hora certa.

A que eu ouvia a flauta

na montanha.

Meu rosto submerso

desfêz-se das cinzas do dia,

e calou-se diante do esplendor.

Séculos emitiram suas vozes

vindas das esferas que fazem

a gente acreditar no eterno

e no verdadeiro amor.

E a escolha do meu cansaço

foi permitir-me mais um abraço

daquela música ao meu redor.

Até que minhas veias se dilatassem

em notas solares e iluminassem

todo o cume da montanha

quando vi que flauta e pastor

eram a minha própria voz.

(Direitos autorais reservados).

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 26/05/2008
Reeditado em 06/11/2010
Código do texto: T1006668
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