A FLAUTA NA MONTANHA
Era inverno e era verdade.
Sob a névoa rósea do fim de tarde
chegou-me uma hora certa.
A que eu ouvia a flauta
na montanha.
Meu rosto submerso
desfêz-se das cinzas do dia,
e calou-se diante do esplendor.
Séculos emitiram suas vozes
vindas das esferas que fazem
a gente acreditar no eterno
e no verdadeiro amor.
E a escolha do meu cansaço
foi permitir-me mais um abraço
daquela música ao meu redor.
Até que minhas veias se dilatassem
em notas solares e iluminassem
todo o cume da montanha
quando vi que flauta e pastor
eram a minha própria voz.
(Direitos autorais reservados).