BORDADOS EM VÃO

Marília L. Paixão

COMO AMO ESCREVER ANAANAANAANA

AMAR A ANA É COMO AMAR A ANA E O PEDRO

PEDROPEDROPEDROPEDRO

QUE POSSUI BELOS DEDOS

MAS OS DEDOS DA ANAANAANAANA

BORDAM A BEIRADA DA CAMA

E QUANDO CHAMA A ANAANAANAANA

O PEDRO CORRECORRECORRE E ACODE

UM DIA ANA CAIU DO TELHADO

E O PEDRO AO OLHAR DE LADOLADOLADO

VIU QUE A ANA QUE ELE AMA IA CAIR NO LENÇOL DA CAMA

BORDADO POR ELA E ELE GRITOU:

VENHA CAIR AQUI ANA

QUE MEUS BRAÇOS ESTÃO DESTE LADOLADOLADO

FOI ASSIM QUE ANA CAIU DO TELHADO

E SE ESPATIFOU NA POEIRA DO CHÃO

OS BORDADOS DA ANAANAANAANA

QUE ERAM LINDOS FORAM COBRIR O CAIXÃO

O PEDRO CONTINUOU OLHANDO DE LADOLADOLADO

PARA NÃO SOFRER DO CORAÇÃO

LÁ DO ALTO ANAANAANAANA NÃO PERDOOU PEDRO NÃO

E DE LÁ NÃO MAIS LHE BORDARIA OS BOLSOS DAS CAMISAS

E PARA PEDRO AMAR A ANA PASSOU A SER PURA SOLIDÃO

PARA ANA PEDRO PASSOU A SER UM POEMA BORDADO EM VÃO

PEDRO NEM SABIA QUE POR CONTA DOS BORDADOS

OS DEDOS DE ANAANAANAANA DOIAM

MAS ANA SABIA QUE O PEDROPEDROPEDRO

DE TANTO OLHAR PARA OS LADOS NÃO A VIA