Balanço sombrio da água do mar

Caminho pela praia à noite e vejo o balanço das ondas

Furiosas elas vem cada vez mais fortes ate mim

Trazem consigo um pedido de libertação

Fico apenas paralisado ouvindo o som das ondas quebrarem

Rompendo todo o silêncio que existe dentro de mim

Meus sentimentos são poucos

Mas suficientes o bastante para sentir a água fria em meus pés

Como se estivesse querendo levar-me com ela

Como se quisesse companhia para sua solidão

E aos poucos vou andando em sua direção

Sinto um pouco o que se passa por ela

Agitada a água me lava cada vez mais

O vento ruge com fúria

Fazendo densas trevas pairarem sobre mim

Tento falar algo, mas o som se volta para dentro do meu corpo.

Ninguém pode me escutar

Um manto negro bloqueia os primeiros raios sol que tentam espreitar por entre as nuvens

Estou perdido em meios a redemoinhos que se formam

Quero voltar, quero ir para terra firme, mas a forca da água é maior.

Uma grande onda vem e derruba-me

Estou agora com o corpo inteiro coberto por água

Sinto o sal cortar meus lábios

E como um sopro, sinto minha alma deixar-me e subir em direção a superfície.

Tarcisio Marinho
Enviado por Tarcisio Marinho em 05/05/2008
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