A voz do vento...
O vento sussurra,
Voz rouca de cansaço dizendo:
É tempo de largar os remos e deixar o barco partir à deriva
Por este mar que faz ondas no tempo
Sem refletir no ventre o elo da lua...
Então, chorará o luar por esta saudade...
O vento balança sem força
E de quase nada, a esperança o alimenta.
A fonte do seu sorriso largo anda escassa
e sua margem, folhas secas servem de ninho.
Ouço o vento a gritar pra mim:
O muro do teu tempo está ruindo!
Os moinhos giram rangendo e ferindo este presente.
Calou-se a lira no vento descompassado
Hoje é a ira de amores devassados
A florir a primavera que não mais vestirá
seu vestido estampado!
Desbotado amor que me contempla
Nesta triste poesia que se perderá em nostalgias sem belas rimas
Improvisando a beleza nos versos que invento
Como este vento que me corteja a morte.