NEM O INFERNO

Será verdadeira a estória de que existe uma

escrivaninha no céu, aonde vez por outra,

senta-se um poeta e escreve inspirado pelo além?

Pois, que os anjos do bem iluminem os caminhos

do menino poeta... Sucesso! E paz...

É o que eu desejo pra ele... Mas, que esquisito isso!

O poeta construiu o poema e eu vi as cenas...

Não só as pude ver, como vivi as mesmas!

Assim, creio que a alma dele andou vagando

pelo meu inferno...

Eu sou a noiva que pariu a criança ensangüentada.

E mesmo sem querer, matei o pai do meu filho...

Mas, não consegui morrer! Esse foi o meu castigo.

Ficar viva para sofrer eternamente

a dor da culpa, por um ato idiota de raiva,

num momento em que não suportei mais fingir

que não sabia que Deus me traia...

De forma que matei Deus de desgosto

e agora, nem o inferno me aceita!