O AUTOMÓVEL

Monstro capenga a me olhar caolho

por trás das grades de um quintal defunto.

A cor mofada de ancestral repolho

transmuda em medo o mistério inconsunto.

O seu olhar na noite é um escolho,

fogo do inferno a me assar o bestunto,

horrenda farpa que me rasga o olho

e não descerra do mistério o sunto.

Pentagonal e indecente estrépito

a azeitar-me do motor o medo,

vesga razão de um professor decrépito.

Eu te condeno a sepulcral degredo

neste sumário e complicado inquérito,

vestígio tardo de um complexo tredo.

Edmilson da Silva
Enviado por Edmilson da Silva em 06/04/2008
Código do texto: T933787