O AUTOMÓVEL
Monstro capenga a me olhar caolho
por trás das grades de um quintal defunto.
A cor mofada de ancestral repolho
transmuda em medo o mistério inconsunto.
O seu olhar na noite é um escolho,
fogo do inferno a me assar o bestunto,
horrenda farpa que me rasga o olho
e não descerra do mistério o sunto.
Pentagonal e indecente estrépito
a azeitar-me do motor o medo,
vesga razão de um professor decrépito.
Eu te condeno a sepulcral degredo
neste sumário e complicado inquérito,
vestígio tardo de um complexo tredo.