MUDOS AO MUNDO...

Mudos ao mundo...

(Poet ha, Abilio Machado.060408)

...As poesias

As letras

Os leitos

Tão por aí... No espaço.

Perdidas nas sombras

De castelos de areia...

...Que a maré teima em desmanchar

Tenso assim que me afoga

Nos risos perversos

Sem versos

Mudos do mundo

e

Bêbados da água que urinei

Na garganta seca

Daqueles que queriam

Não viram

Não tinham

Sai... Das entranhas de mim!

Às vezes sinto que esta poesia

Vai acabar por me engolir

E rasgar-me por inteiro.

Sem deixar as sobras

Para que alguém recolha

Pois, nem percebo o dia

Passou a noite

E amanhece de novo o fim.

Mudos ao mundo

Meu corpo vazio

Minha mente insana

Meu sexo seguro

Ficou inseguro

Um medo

Atingiu.

É o ébano que me toca

Nos meus sonhos molhados

De beijos na boca e de loucuras astrais

Me fiz sempre fome e sede

Sorvendo da taça

Vinho e lágrimas

Gozo e céu!