FARSA, FARSANTE E FARCESCA
Uma nuvem efêmera,
Só deixa uns vestígios,
Bronzeado com quimera,
Desenganos e indícios.
De quem te abraça,
Que traduz na alça,
Único beijo na brasa,
Lambuzados sem graça.
Na praça do amor,
No lato do teu poço,
Na avenida do pescoço,
Afoguei-me no gosto.
Fruto prazenteiro e airoso,
Cheio de escárnio e farsas
Sabor inconstante com odor,
Pedaço de uma pequena flor.
Lindeza e beleza tu tens,
E a farsa? E o embuste?
Onde tu escondes?
Este rio de petas.
Que invalida a tua destreza,
Corroendo o âmago do teu ventre,
Espancando e mutilando a gentileza.
Com tantos caminhos e sementes,
Frutos lançados na ira e não sentes.
Pequeninos jardins expulsos,
Daquele malcriado ventre,
Que encobre e roda a cabeça,
Esconde no embuste do tempo.
És uma pequena flor da idade,
Perdida no meio do mundo,
Exalando no teu corpo a falsidade,
Sem uma rosa se quer pra chorar.
(D.R.A)