Eu, apenas essa gota d'água!

Eu, apenas essa gota d’água

Do alto da montanha

Vejo o sol nascer...

Nasce pra mim, nasce pra você

E ilumina todos em toda a parte

Democraticamente...

Não podia ser diferente!

Nessa criação divina

Segregação não há.

Do horizonte infinito

Vejo a hora crepuscular

À minha frente, à frente de todos

E esse fenômeno fico a observar!

Faixas amarelas, roxas

Sombreadas de vermelho alaranjado

Riscam todo o espaço do meu céu

É a aurora matinal

Que precede a manhã luminosa...

Mais adiante, o lago azul!

Lago azul, manso e sereno

Nessa visão, descanso meu olhar

Vejo ainda a mansidão dos cisnes

Esbeltos, livres a nadar...

E eu, do alto da montanha

Apenas uma gota d’água a observar!

Uma gota que brotou da pedra

Na fria e silente madrugada

Cinzenta, orvalhada...

Uma gota apenas no arrebol

Que teima em ficar

Até ser absorvida pelo sol!

E o astro chega majestoso

Esparge sua luz nos campos e colinas

Joga seus reflexos luminosos

Nas grandes ou nas cercanias pequeninas

Em volta do lago azul sereno e manso

E engole tantas gotas d’água que já não alcanço!

E essas gotas vão-se juntar às nuvens

Que formam o todo inacessível

À visão do homem rude

É a unidade na amplitude

Que se divide em partes e volta à vida

Nessa roda viva onde me vi perdida!

E eu, apenas essa gota d’água!...