Apuro a pontaria no espelho

há anos que não durmo

na espreita

escutando o demônio

assoviando no vento

afiando seu canto

conto minhas balas

desmonto

e remonto as armas

pra contenda que se avizinha

a revolta que se desenha

o vento destelha tudo

com sua ira santa

gatos aguçam miados

quebram vidro e telhas

afino o meu violino

com o latido distante

e o cão próximo

e faço meu

concerto noturno num só tom

sigo em alerta

na janela do mundo

e apuro a pontaria no espelho

no ego

abato meus erros infindos