AWAKE

AWAKE *

Uma avenida, com luzes de mercúrio,

Asfalto novo e sonhos nas calçadas;

Algo como uma festa, movimento e balões.

Era um tempo fechado, ora, ainda era tarde;

Umas nuvens roxas tendendo ao azul escuro.

Roda gigante circulando amores...

Senão tinha paixões – que decerto havia -,

Um encontro de velhos amigos,

Saudando os anos perdidos

E os beijos jovens!

De súbito:

- Quando eu despertava para a vida!...

Eu ainda podia ver mais,

Mães e crianças (felizes);

Sorvetes sabor alegria, baião e sanfona.

Tudo muito bem imaginado, ensaiado.

Pedestres numa tarde fria, não muito;

Barracas de doces com doceiro de chapéu;

Meninas lindas feito bonecas,

Rapazes bem trajados, estilo marinheiro.

De súbito:

- Quando eu despertava para a vida!...

Bichos de pelúcia andando pela rua,

Tal qual desenho animado,

Encantando a gurizada.

O sol ameaçava surgir meio envergonhado

Lá pelas seis horas, parecia apagado,

Mas sorria no canto do céu.

Um indivíduo pálido, vestido anos 30,

Casaca e cachimbo, analisava tudo.

Pagara até mesmo a um pintor

Por seu retrato;

Não era uma figura excêntrica,

Apenas anacrônico.

Acenavam-lhe como se fosse

Alguém de importância,

Um poeta ou ministro.

Quase de noite, um cheiro de begônia

Vem ligeiro, pairando sobre o local.

Pose austera, visceral.

- Dá pompa à tua barba, vê a luz...

Admira tudo no seu mínimo valor:

Sorri discreto e cuida do meu retrato,

Porque, de súbito,

Eu acordava para a vida!

*Tradução: despertar, acordar.

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 03/03/2008
Reeditado em 03/03/2008
Código do texto: T884867
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