SOPA SAGRADA

Útero-oceânico, meu abrigo...

Continente que guarda intenções!

Sinto luzes brilhantes e o barulho oco da distância

Esse é o doce reflexo do teu mar!

Águas que me protegem dos abismos desse ser

O que ingeres na tua mente criatura?

Sentimentos úmidos...

Devo beber!

Que emoções deverei comer?

Quero me proteger dos teus sucos de intenções...

Sensações!

Sem ação me deixas,

Diante das tuas secreções.

Sinto-te viscosa e sei que vou me afogar

Queres me matar?

Líquidos no teu corpo:

Lágrimas,

Suores,

Vômitos,

Mênstruo,

E, esperma...

Tudo isto é “sopa”!

Sacrilégio!

Coisa misturada, confusa, amalgamada...

Sopa de idéias...

Líquido que alimenta

Corpos e almas!

Viver de sopa,

Alimento das deusas...

Um dia, ei de querer!

E nesse desejo ardente

Ser gente

Trás perigo...

E se vomitar o teu amor?

Deverei então mergulhar na aguardente

Sopas: águas ardentes!

Oh, não!

Penso que o vinho

Das tuas entranhas possa saciar

Minha sede de querer... de saber... de ter...

Um refúgio para amar!

Seilla Carvalho
Enviado por Seilla Carvalho em 26/02/2008
Reeditado em 02/02/2022
Código do texto: T876278
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