Feito de papel
Peguei uma folha de papel
E em vez de escrever pensamentos
Comecei a dobrar cada pedaço.
Fui dobrando sem parar
Dobrando até o limite do papel
Buscando ver até onde os olhos chegariam
Ou até onde os dedos suportariam.
Cada nova linha seria uma palavra ao vento
Uma forma contínua de desenhar teus encantos
Dedos seguindo linhas imaginárias
A rota ligada do emaranhado ao conteúdo.
Quis descrever os prazeres intermináveis
As linhas, que ora passam por cima,
Ora passavam abaixo, sem que se tocassem
Como que se pudesse saber
Qual linha foi a primeira a chegar.
Sobre a folha que antes era nada
Pendia um novo universo multidimensional
Onde se via unidade
Agora tínhamos infinitos pensamentos
Se a palavra fora impressa
Limitou-se o que seria dito.
Apenas abri a folha
Desdobrando cada momento
E como qualquer outro
Li o que estava escrito.
A folha é sempre branca.