AFASTA-SE, MAS JAMAIS SE REDUZ

A forma “camuflada” do ser,

envolto em seu capuz,

distancia-se da luz.

Um passageiro que pega carona com seus ensejos,

e seu veiculo é mais possante que qualquer máquina

dos humanos e seus desejos.

Talvez seu coração pulse nas pernas

Profundo conhecedor do amanhecer sem dor

um provedor de caminhos abstrusos

sempre chega, mas nunca se rebela com os intrusos.

Um dia em terra, outro que enterra.

A forma camuflada envolta em seu capuz

Afasta-se, mas jamais se reduz.

Olha nas vidraças e ver os corpos cobertos

dorme com os olhos entre abertos.

Quando amanhece,

senta-se na calçada, e olha para os pés descalços.

Abre na pagina, faz a leitura do autor que conhece.

Mesmo cansado, lembra do passado.

Num processo do retrocesso

nem pelo presente tem mais acesso.

Empunha seus pertences;

uma bolsa surrada e um cantil

nunca mais viu a mãe gentil.

Embrenha-se no pó da estrada

afasta-se, mais jamais se reduz.

num momento desaparece,

distanciando-se da luz.

Rommyr Fonttoura
Enviado por Rommyr Fonttoura em 15/02/2008
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