Eu a poesia despudorada...
Nada que venha de ti me magoa ou faz doer
Nem teu olhar dissimulado,
riso desdenhado
me ssustam mais.
teu dedo em riste
é prazer que não resiste
este meu estranho paladar
esta fome voraz,
de querer sempre mais.
ainda que me xingue esta voz rouca
há na boca os dentes lindos que me mordem e sangram...
e quanto mais me abates, humilhas, mais eu gamo!
No suor que me toma as noites
em que o medo é o meu maior prazer,
Nesta vigília a te esperar
aflita,
eu,
pecadora Maria,
vagueio tonta, nua entre arcanjos
recitando os versos de Augusto dos Anjos,
e, nesta poesia te desnudo a alma,
O perfume da flor que de ti exala, embriaga
e isto basta.
Entre lençóis de espinhos
dou-te todo meu carinho
cospe-me a face
e com teu disfarce
arranhas-me a pétala
solto meus ais!
nada que vem de ti machuca, amor
De ti nada é demais!