DA TINTA QUE USAMOS, A PINTURA QUE SOMOS.
DA TINTA QUE USAMOS,
A PINTURA QUE SOMOS
Tenho em meu quarto
ingredientes que não se compram enlatados:
cores, sons, luzes, sonhos ,
silêncios que gritam, engasgados.
É quando jorro toda a tinta sobre a tela,
ela escorre em lágrima alva,
se espalha num choro,
alguns pontos formam relevos,
outros se escondem n'alma.
O tempo me chama para algumas figuras delinear,
os pincéis se esforçam para o quadro alcançar,
muitas vezes deixam marcas,
em outras, manchas
deslizantes.
A sombra d'alma, então, reclama,
paisagens magníficas vão se formando,
vislumbrantes !
A cada impressão, um traço rijo,
a cor é lançada,transparente,
complacente aos
nossos desejos e angústias
inconscientes,
intransigentes,
contraditórios,
simplórios,
sensíveis,
audíveis.