Pelo simples prazer insano de atiçar
Ela me chama, e não se apaga
Interrompe os baldes de água fria
Ela me queima, me pinta de cinza
Me borda com a borda do seu amor
Depois ela me prende, me voa
No mar sobre a proa, é procela
Depois que me vela, é quaresma
Me deixa sem carne, me deixa sem vinho
Me corre, me sua, me atira do ninho
Me abre os braços, me lasca na cruz
Eu fico sem rio, sem rua, sem samba
Eu estava feliz, e agora onde estou?
Tudo começou quando ainda criança
Entrou-me por mim a esperança e envelheci
Ela me chama, e não se apaga
Eu chego, e ela vai embora
Ela está feliz, e agora, onde estou?