Reflexão alucinada

Edson Gonçalves Ferreira

Quando minha mãe era menina, jogava bombinhas de água-de-cheiro

Hoje, são balas perdidas, homens-bomba, granadas

Carnaval mais surrealista não existe

Enquanto uma escola-de-samba passa, fogos explodem

Não são só foguetes, mas tiros de armas potentes

Fazendo alegria dos que se julgam oprimidos

Trazendo tristeza para quem se achava liberto...

Quando fiquei adulto, compreendi

Todas as grandes festas que eram do povo foram contaminadas

Natal virou guerra de lojas e carnaval, fogueira das vaidades

Até nossa gente bronzeada perdeu o seu lugar

Os brancos mostraram sua arrogância até nos carros alegóricos

Porque dançar mesmo não sabem

E por isso dançam outra dança que não precisariam

Se respeitassem o espaço que era do outro.

Divinópolis, 23.01.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 23/01/2008
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