Pavão Atômico
A calda desenhada em branco e preto,
O bico de grafite apontado,
Uma asa a bater de um só lado,
Os pés uma emenda no soneto.
Um olho um farol avariado,
O outro, uma lâmpada queimada,
O voo claudicando para o nada,
O canto um eco triste do passado.
Eis, pois, o meu pavão surrealista:
Um aborto de arte, deste artista,
Pintado pelas mãos da poesia.
Espero que ele voe pro Parnaso,
E chegue, com mil anos de atraso,
Bem onde "Abaporu" fez moradia.