Coruja

Pousado, nos seus olhos enormes

Vendo o mundo nas sombras passar como despercebido

Especialmente, lembrança do que nunca aconteceu,

Entrando num ônibus migrante dos Andes

Soluçando lágrimas no vento enquanto corre,

Voa, da noção mais profunda

Desejo de voltar pra casa

Pousado nas órbitas enormes

Com uma asa circulante da noite negra

Queda desmembradora em espiral à Júpiter

Que sonho estranho de sonho que não se vê

Apenas se sente, se intui, aproximando-se

Da ausência da imagem da luz do sonho

Pousado n’árvore-mãe

Um sono pesado durante o dia da vida

E acorda a noite com seu pio cortante de choque

O rasgo diário com a realidade traidora das horas

Grandes porções de sua vida foram jogadas fora

E a memória é um relâmpago que costura o céu

Da loucura e da identidade

Pousado no céu-mãe

Melhor pousado que em qualquer outra coisa

Quando saúde não poder ser, saudade

E distância não poder ser, vontade

Migrante, partinte, metade, conjura

Reuniões de estranhos dionisíacos

Nos vales do encontro ao acaso de vinho

Se não a claridade, celebramos a agonia!..

Eli Jardel Alexandre
Enviado por Eli Jardel Alexandre em 26/01/2025
Código do texto: T8250294
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