LOUCA
no olhar ela trazia
uma tristeza
uma neblina
um antigo
ar dolorido
trazia os cabelos ao vento
e as mãos magras estendidas
apontavam o horizonte
fiquei observando
ela de repente se pôs a dançar
ali,
à beira do despenhadeiro
tive medo que caísse
quase corri para segurá-la
mas tomei
a tempo
consciência
que ela era feita do mesmo
material do vento
ela era tudo aquilo e mais
que o momento
ela era o movimento
e devagar se sentou no chão
e ficou como que rezando
não sei
me afastei dali
e deixei a louca
que não era louca