INFERNO
Comprei o inferno,
Na alquimia do destino.
O diabo era terno
Parecia menino.
Comprei uma vida
Engoli-a inteira
E em peso a caída
Na funda braseira .
Tocava a canção
E o diabo era anjo
Que me dava a mão
Torcida num esbanjo,
Forjado de afecto
Pesado e chumbado
Num caminho directo
A descer recuado.
E o negro por trás
Da noite alquebrada
Prendeu-me voraz
Em teia assombrada.
Aqui e agora me ardo
Me desfaço só de pó
Transmuto-me cardo
Ficarei sem dó!