EPITÁFIO
Que uma vida travestida em poemas
Não seja maior que minha morte reservada
Que pobres letras
Por vezes insensatas
Ou escrotas
Não estejam acima de uma lápide
Forjada em vil metal
Vivi paixões eternas...
Sobrevivi aos mais dolorosos sintomas de amor
Fui traído e traição
Fui amor e fui vingança
Já fui feto
E também desafeto
Amei meus pais
E amaldiçoei por muitas vezes
Sofri maldades e fui malvado
Torci e retorci nesse pequeno mundo de terra
Vivendo a vida
E a margem dela
Já segui profetas
E segui ditadores
Já busquei o que nunca perdi
Enfim...
Amei
Chorei
Rezei
Eu lutei guerras perdidas
E acreditei até que venci algumas
Já bati na vida
E apanhei dela
E se acharem que minha cova é pequena pra tantas
Palavras insanas
Por favor, digam apenas
“ Aqui jaz um poeta “