AI POESIA, POESIA - Plácido & Frassino
Plácido:
Há muito que não escrevo
Poema que tenha graça
Tento, tento, não me atrevo
Minha inspiração em baixa.
Cheguei a julgar-me poeta
Nesses tempos de ribalta,
Ser poeta a minha meta
Minha inspiração em alta.
Talvez seja e se for
Mala pata ou enguiço,
Pois ser poeta de valor,
Já não vou a tempo disso.
A não ser, a não ser, sim!
Peço cem anos de idade,
Quem sabe talvez assim,
Um poeta de verdade.
Interesseiro? E que seja!
Ah, pois é! Ah, pois é!
Pra que eu veja, pra que eu veja:
Levante a mão quem não é!
Aires Plácido
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Frassino:
Há muito que não escrevo…
Poesia não s´ escreve. Sente-se.
O sentimento é um acervo
De palavras decorrentes.
Poemas que tenham graça
Nem sempre são poesia
Que a poesia, essa enlaça
Cada poeta, como magia.
Tentar e tentar, aventura
Que não carece de inspiração;
Poesia, essa sempre dura
Na humana imaginação.
Vive na alma do poeta
A cada hora e momento:
Alta ou baixa é completa
Pelo próprio sentimento.
Não são precisos cem anos:
Ser poeta não tem idade,
Fazer poesia é de humanos
E quem a faz já é verdade!
Ai poesia, oh, ai poesia,
Onde está o teu interesse?
Na alma, sem fantasia,
Basta escrever e… vê-se!
Frassino Machado
In “Instâncias de Mim”
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