A LOJA DE POEMAS
Reabre-se o umbral dos sonhos
Me vejo numa loja de poemas
Flutuando entregue às fantasias
Uma névoa de sublimes estrelas
Cintilando seu esplêndido brilho
Inundava de cores todo o cenário
Harpas flutuavam entre nuvens
Tocavam-nas cinco anjos jubilosos
Poetas se rendiam entre as frases
Dois ou três compravam haicais
Outro deles escolheu uns indrisos
Uma poetisa levou somente rimas
Um romântico preferiu algumas trovas
Um avô e seu neto um par de sonetos
Busquei versos e um pacote de fábulas
Entre as estrofes um garoto afobado
Escolheu uma diferente semântica
E outros dispositivos sintáticos
Naquele literário mundo de sintaxes
Também havia intrépidas metáforas
Loucas metonímias e onomatopéias
A loja de poemas logo se fechou
Levando consigo todo o seu lirismo
E a bela utopia pelo sonho lapidada