VOO SEM ASAS

Em meu voo noturno

Aproximo geografias

Refaço os caminhos

Que outros traçaram.

Então vejo o monturo

Dessas tantas manias.

Outras aves e ninhos

Nem voos levantaram.

Em meu voo eu sigo

Arfando em meu peito

Sentindo essa solidão

De um voo no escuro.

Mas silente prossigo

Nesse meu próprio jeito

Um voo na contramão

Do continuar obscuro.

E nas alturas do voo

Que me propõe sonho

Apresenta doce alegria

Nesse intenso viajar.

O saber eu sobrevoo

Em um prazer tamanho

Superando toda agonia

E uma certa falta de ar.

Falo do amor à cultura

Que todos devem viver

Em recanto de sua casa

Sem nada a perturbar.

Voo mágico da leitura

Que se deve empreender

Juntando asa com asa

Com o livro assim viajar.