Jardins no inferno
Na varanda e terra, do planeta bem pequeno, da casa emprestada, contemplo.
Os abismos, céus e luas, o paraíso, o cão, toda letra e quadros meus.
Da mente insana e colapso, o anjo que há em mim, a flor desnuda, o espinho.
Desenho, desdenho o mal, ignoro, pinto jardins no inferno.
Sou o quadro, belo e fosco, o tolo, tosco e ignomínia.
Partícula de Deus, o antro e espaço de negro.
A cor de criança e sorriso, o dente que dói, a imensidão limitada.
Que olhos finos, tão curtos, desvendam quintais tão longes, um mundo fora da casa.
São nas noites, calmas, frias, da varanda, vejo tudo.
Na varanda e terra...
João Francisco da Cruz