Insolúvel

A água abraça seus pés

Fria, falanges tépidas

O Sol arrebenta na crista

Das ondas, azuis bênçãos.

Maldição salínica na boca seca

Ó pulmões

Ardem e sorvam

Cada gota, cada partícula

Do ar pesado

Dá lágrima falsa

Mar, oceano

Poseidon, pai

Transformam-na em velho bloco de gelo

Irredimível, imutável. Impenetrável.

Ao longe, a respiração de Zeus

Preenche seu corpo, nu

Urano condensa-se, egoísta

Mil horizontes de vida

Entre milhões de morte

Cada estrela apagada, morta

Secundária sob o brilho lunar

Infecta os brônquios

Velejando pela correnteza

Ouvindo o clamor maternal

Ela sabe o que fazer

Suas cinzas, antes delgados ossos

Fragmentam-se na areia rochosa