Ruir do Sol
Ruir do Sol
Bem cansada, montanha e mato, o sol de outrora e mar que não se enche.
Dormiu o velho pintor, do quadro arcaico, de moldura bichada, insistência da erva fraca.
O riacho mudou o rumo, o curso, e a pedra chorou de poeira, pó e nada.
Passeei na vereda antiga, na fonte de meninas, nos casarões e corrimãos.
O velho arqueou se sobre o janelão, um suspiro de pena, uma lágrima de vácuo.
Esboçou uma pintura bela, a tinta rebelou se.
Escorrida, matou, doída e vermelha, num caminho de sol fingido.
Esbravejou o ancião, num tom de relâmpago, e vozes de duendes.
Um sino despencou dos céus.
Bem sepulto, o raio, ontem, o brilho bem vil, morrido.
E amanhã, a trilha será lua, um canteiro de margaridas, sóis de Júpiter, virão.
Como águas e fundos abismos, daqui a pouco, só resquícios e descobertas.
João Francisco da Cruz