Portais noturno
Vi do alto e cor de fogo, o arco colorido, o carnaval dos céus.
Do quarto meu, bem simplório, como sabiá que canta só.
Em asas da imaginação, do calabouço, mofo e pedra, escorrida e verde de limo, a tranca despencou.
Estrangulou a prisão, o moço triste sorriu.
De cauda e cadafalso, a corda quebrou no laço, no nó, surgiu a liberdade.
Do cume das portas altas, ombreiras e batentes, pedra de ângulo, das calçadas e quintais.
O pássaro revoou na palmeira.
Não vi a noite se despedir, caminhei por sobre os abismos, portais noturno...
João Francisco da Cruz