Eu peço licença
Eu peço licença
Aos pingos de chuva
Que caem
Sobre o parabrisa do carro
Lentamente
E aconchegante
Como uma orquestra ensaiada
Numa sinfonia bela
Eu peço licença
À toda vida que acontece fora
As pessoas que riem
Que choram
A paisagem
Que se desenrola
Aos fantasmas
Que nos atormentava outrora
Eu peço licença
A uma lista infinda
Aos diários trancados
Aos pontos de esquinas
As placas marcadas
Aos poemas escritos
Aos quadros pintados
Aos sonhos vividos
Eu peço licença
No meio da fuga
Um olhar
Sorria também
Entre um abraço
O respirar
Um instante sem freio
Entre nós o mar