reminiscências
da janela de casa
o espetáculo de luzes no céu,
entre as grandes constelações
uma estrela branca despenca
daquela tela luminosa
que é a grande abóboda celeste,
ávida pelo contato
ela dispara em queda livre,
feito móbile de criança
que se desprende
das cordas de algodão
ou linha solta de marionete
que escapa
aos dedos mais sensíveis,
a lua de prata e as super novas
clareiam o chão que descortina
o brilho da semovente estrela,
o voo rasante
de uma cadente na atmosfera,
o tapete terroso e molhado
desperta girassóis e outras flores,
a manhã que tardiamente chega
me faz lembrar
de um tempo
em que pipas e aviões de papel
coloriram o chão
de terrenos baldios
e ruas desertas
um espetáculo lúdico
e itinerante,
éramos foliões de rua
aflitos pelo brincar
mergulhando em poças d'água
de pés descalço
como aquela estrela no espaço
caindo das alturas
como meus papagaios de seda.