PALHAÇO
Vivo na corda bamba , a me equilibrar
no picadeiro da vida - palhaço sem graça,
que a vida engana, ilude , troça .
Minhas ilusões ,
aniquila, destroça!
Sou um humanoide, a fingir,
vivendo em eterna fantasia,
navegando no mar revolto de delírios
e controvérsias emoções,
a me enganar,
em vão , tentando fugir
da realidade nua e crua da vida ,
que na armadilha me apanha !
Mostra -me a feia cara!
A bocarra me escancara!
Os dentes me arreganha!
"Meu riso dou de graça!"
É que não vale nada!
Sou mesmo, um palhaço sem graça ,
a não me incomodar
com os apupos da criançada.
Estou acostumado a vaias receber!
Garotos! Meninas!
De mim, podem dibicar!
Venham ouvir
minhas pantomimas,
as bobas gargalhadas
desse palhaço sem graça ,
que insiste em fazer palhaçadas
sem nexo, sem graça,
sem a ninguém divertir!
Venha, garotada ! Venha brincar!
Tem riso pra todo mundo!
Tem riso pra todo gosto!
Venha !” É de graça!”
Venha sorrir da minha cara
de palhaço sem talento, sem graça,
que esconde a tristeza , na face
lambuzada , exageradamente pintada,
num adereço de fantasia :
Uma ilusão. Um disfarce…
na vá tentativa de ocultar
a dor do desgosto ,
estampado em meu rosto!
Sorriam. À vontade, trocem de mim,
pobre palhaço , sem tino , sem graça,
bobamente a sorrir
pra não chorar,
a mim mesmo mentindo.
Fingindo que na fantasia me realizo ,
é que idealizo
um mundo de sonhos , de quimeras enfim,
que só existe, na minha imaginação fértil.
Que sou? Um visionário ? Um poeta ?
Não passo de um palhaço sem tino, sem graça ,
no picadeiro do existir, a insistir
nas palhaçadas, e a meninada a troçar
da minha cara lambujada,
exageradamente pintada.
Todos zombam das minhas baboseiras ,
das minhas tolas brincadeiras,
palhaço sem graça ,
que a ninguém , sabe divertir,
minha mágoa a carpir
no compasso
do fracasso
em tudo que faço ,
não como mero espectador,
Mas como mau interprete , péssimo ator
no anfiteatro da vida , a representar
papéis diversos, no imenso palco —
teatro do dia a dia,
sempre a me enganar...
Por fora,
fingindo alegria ,
enquanto por dentro , minha alma chora!