Trigais escuros

Meus trigais

estão entre os teus joios

por quem me apaixonei tanto

que desconhecendo espantos

nunca me assustei.

Teu mal cresceu no meu

e entre escribas e fariseus

rezamos.

Dei-me a ti em um corpo

peçonhento,

entre teus afagos visguentos

como se minha sede não

quisesse água

e lambesse o sal do sol sem

ser queimada.

Meus trigais não fazem pães

como os joios que nascem

em tuas mãos

e os beijos que ardem em

nossos lábios.

O que de mim há em ti fica comigo

e no escuro de todo esquisito

abre-se a luz

no pardo dos nossos pecados.

Meus trigais estão nos teus joios

e na tua alma macerada

feita de lágrimas e de gargalhadas

que outros seres por nós dão...