Nossa ignorância
Procuramos definições nas sombras
Nas esquinas
Nossa ignorância
diante da noite estrelada.
Ínsita em estranhas químicas.
Lá atrás, houve um caminho.
Existiram dias, anos e séculos...
Quanto tempo ainda há para percorrer?
E, quando o punho se fechar sobre você?
Ou quando da hora do soco surgir,
tenha se agachado.
Numa covardia íntima explícita.
Ninguém quer sofrer...
Qual palavra pronunciar se
o sono não vier...?
Quando os sonhos não flutuarem.
E, a chuva guiar-se sem chofer.
Pedimos para ficar só mais um dia.
Só mais um pouco.
Deve haver algum sentido.
No labirinto deve haver alguma alegria.
Deve haver um vetor-chave.
Um significado colado no peito.
Deve haver uma bússola movida a sinapse.
Deve haver uma resposta
Para os enigmas do silêncio.
Para os que calam e gemendo
renunciam à vida, com dor e tristeza.
Qual será a derradeira palavra?
Qual será a última sentença?
O último devaneio da alma
que o capitão da nau irá ter...
E se a carranca não sobreviver...
Quando chegar ao porto.
Um ponto perdido no infinito
Fora dos mapas e dos sentidos.
Um porto perdido onde a âncora
vai dormir na ânsia de ser erguida.
E, novamente desbravar o desconhecido.
Dentro desse perfume de cânfora...
Quando cessar seu movimento.
A Terra ainda em rotação.
Recitará poesias em sua translação.
Enquanto isso, permaneço insone.
Diante da mão que me oferta o afeto.
E, a renúncia de tudo.
A abdicação de todos os tronos.
A ideia cindir-se em sonhos imortais.
Libertando-se da verve de inseto.
Em afagos inesquecíveis.
E, a manhã infinita que traz todos os
dias novamente.
Onde há ignorâncias invencíveis...