Numa barraca na Praça da República
Numa barraca na Praça da República
Um jovem leitor de tarôs e
Mãos
Deixava a um canto uma
Lâmpada mágica de Aladin
Me interessei pela lâmpada
Não para comprar
I don’t have money
Não entenderam?
Je n’ai pas d’argent
Não entenderam?
No tengo dinero
Não tenho dinheiro
Não me avisou o leitor
Não podia tocar na
Lâmpada
E eis um pequeno cisco
Numa das suas reentrâncias
Fui tirar o cisco
E logo me apareceu o gênio
E me disse:
Vai viajar comigo
Estendeu um tapete persa
E fomos voando por aí
Pois fomos a Montevidéu
Porto of Spain, Cidade do México
Reykjavík, Beirute,
Rabat e Camberra
Me trouxe de volta ao centro de
São Paulo
E só então percebi havia viajado
Tanto assim em um segundo
Fiquei espantado
Ele disse:
O tempo e a distância podem
Ser contíguos e condensados
Um no outro
Pois nem o místico da
Barraca
Percebeu eu havia viajado com o
Gênio da
Lâmpada.
Vou voltar lá na próxima feira
Tirar outro cisco da
Lâmpada
Para ir dessa vez a
Buenos Aires, Georgetown
Washington, Dublin
Damasco, Argel e
Wellington e (de quebra) dar uma passada em
Porto Alegre para depois voltar para
São Paulo.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 28 de janeiro de 2024