Urantia

Tirei boneca viva feita a partir

De imagem vinda de época dourada

Do lamaçal que representa os confins

Da minha memória

Limpei seu corpo e redescobri

Cada detalhe seu que te tornava

Única, cada imperfeição sua

Que me fez te querer e te guardar

Da sua boca saíram translúcidas bolhas

Contendo fragmentos de nossas

Memórias compartilhadas

De época da qual tirei fotografia mental

Sua e usei para servir de imagem

Para esta boneca

Ao tocar sua pele, adentrei seu corpo

Tal qual um portal e entrei novamente

Na época contida dentro desta boneca

E de lá nunca mais saí

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 23/04/2024
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