Entre a Tandava e a Hermética
Eu não sei se meus olhos se fecharam sozinhos
O vazio aqui me consome, como um mantra
Repito as mesmas desculpas de sempre
Meu coração arde em ira
E não desejo coexistir entre meus semelhantes
Pois não suporto a distancia entre eu e o que desejo
Amor e confiança, sinceridade eu receio
Serem virtudes que encontram apenas nas pessoas
Que não precisam ouvir o som da minha voz
Que o calor do meu corpo não seja apenas luxuria
Mas amor puro e carinho
Que os desejos do meu corpo não sejam apenas de ferimentos
Mas de cura, sorriso e nobres sentimentos
Não sei se existe a possibilidade em me encaixar no seu arquétipo
Minha estrutura melódica é apenas inocente ruído
Meu desejo de por em palavras o grito que aclama
Por algum ser se compadecer comigo
Porque eu não quero que minha memória
Seja talhada em pedras de um passado
Se é determinante fator para meu próximo passo
Quando tudo que desejo é ser um pouco caótico
Não quero viver melodia rígida
Em estruturas de notas repetidas
Que não se aproveitam e se adaptam a vontade
E exigência deste novo tempo
Pois sei que eu sou pecado, penitencia e medo
Sei que não encontro nem percebo
Pereço, cresço, recebo
O darma daquele que é impuro e necessita destruir o passado
Não há lógica nas palavras aleatórias que apenas existem para me mover
Enquanto o ritmo não sincronizado aperfeiçoa o tango não dançado
O amor não amado
O desejo
A plenitude
De não ser um circulo ou quadrado
Ser o todo
Ser eu
Ser o vazio
Ser tal similar no micro como no macro
Que assim na terra, tal qual no céu
Assim no céu tal qual na certa verdade
Sou todos
Sou ninguém
Sou você
Tal acima
Tão igual abaixo
Símbolo não gravado
Em acordes dissonantes
Em erros de realidade
Onde há superabundância
De odes ao hedonismo
Camuflando gritos agressivos
De profunda penitência