Transbordo
Veloz, deixo a moderação para trás
Abro a janela, acendo a faísca rumo a combustão
Degusto a fumaça na estrada, cheiro de gasolina
Um assobio toma conta dos ouvidos, alto e contínuo
O vento lateral deforma meu rosto, os cabelos soltos vendam meus olhos
Turbinas ativas, paralisia causada pela arritmia, na veia adrenalina
O conta giros em alta rotação
Reta ferrenha, o acelerador no talo
A origem repleta de curvas, circunstâncias
Feito banheira transbordo, excesso de água sem ralo
Tenho pressa e aprecio o que não posso ter
Exceto coragem de conduzir por pontes inacabadas
Vejo placas ilegíveis no horizonte, quadro a quadro
E aguardo-as onde estou, encontro certo com o nada
Desafio o perigo a todo momento por não saber o que é acaso
E mergulho em meus dilemas num rasante, para não voltar à realidade.