Poema dadaísta a doze dias do Natal

Porção mofada feijão

postas abafadas arroz

licores açores panela

sem sapos e condimentos

catequese que cheira

à índio tosquiado tostado Anchieta

e padres pobres podres pedófilos

tenho horror a ficar velho

se velho muito novo

arrojo frissons de never more

servido molho milho

malho melo e escorro

ventilador imola a cunha

touros em coliseu de Portugal

pasteis anéis virais

vitrais e retábulos de Urbino

ansioso

torre feia igreja praça descuidada

presépios enfeites casinha de papai

Noel na praça descuidada

prefeito e os puxa-sacos cor de vômito

e as guirlandas de plástico

barato

o prefeito é um barato

barrigudo e nunca leu Dante

e range dente e um desmaio

da cadeira da dentista que conheço em Vila Rica

incisivos de ouro falso

aqui na terra não tem palmeiras (tem flamingos)

onde canta o sabiá

tem pintassilgo e pardal perdulário

professor assim não há

tem Dadá sem corisco

tem petisco

e arrisco um lampião

e Maria feia

tem feias e bonitas (teteias pros vetustos)

que também têm horror a ficar velhas

e gostam de copo Stanley

e unha de geleia

velas no altar

e neste ano a criança

não ganha presente

somente amanhã

Bing Bang!

feliz Natal Tzara

triste.